Infelizmente a tendência tablóide da nossa imprensa começa a ser um hábito, um mau hábito.
A titulo de exemplo, cito a noticia de um canal de televisão (não sei precisar qual) que referenciava o orçamento da Assembleia da Républica, criticando-o e vocacionando toda a noticia de forma a que o destinatário (todos nós) tivessemos a ideia de que todo o orçamento era utilizado em gastos com os politicos, ou seja, assessores, secretárias, vencimentos, deslocações (vulgo viagens, para dar um tom ainda mais tablóide) etc..
Desta forma consegue-se um alvo fácil, continuar a ideia de que os politicos através dos seus vencimentos e dos seus gastos descontrolados nunca são afectados em tempo de crise.
Poderia ter dito a reportagem, através da verdade jornalistica qual é a percentagem dos salários dos deputados, pessoal administrativo, etc. no bolo total do orçamento. Mais, poderiam e deviam ainda salientar, entre outras, as despesas da Alta Autoridade para a Comunicação Social (de que tantas vezes se socorrem, e bem) que também é financiada pelo orçamento da AR.
A AR é a casa da Democracia por excelência e a sua dignidade deve ser preservada.
Permitam-me ainda uma referência à noticia do Jornal de Negécios que compara as nomeações do Governo de José Sócrates com as do Governo de Santana Lopes, reportada ao mesmo periodo temporal.
Ora, esta é uma comparação sem termo possível.
Jornalismo sério, poderia comparar a transição Guterres-Durão, ou mesmo Cavaco-Guterres.
No entanto a opção tablóide falou mais alto, afinal, vende melhor. Mesmo que o objectivo de informar com isenção não esteja presente.
É uma comparação sem termo porque Santana Lopes, entre outras coisas, "herdou" alguns Ministros e Secretários de Estado, não necessitando por isso de nomeações acrescidas para esses gabinetes de confiança politica e pessoal.
Das nomeações, supostamente exageradas que a Comunicação Social deu conta, refira-se que elas são em grande número nomeações para os gabinetes Ministeriais.
Podemos, por dificuldades em gerir da melhor forma a nossa atitude critica, achar um exagero todas essas nomeações para os Gabinetes Governamentais. Mas alguém disse que a Democracia não tinha custos?
Mais, parece-me aliás descabido que sempre que o povo muda de Governo se utilizem estas armas politicas de forma tão acéfala. É imperioso assumir que existem lugares de confiança politica.
Considero ainda injusto que a Comunicação Social critique em especial este Governo que tem tido a coragem de mexer, entre outras coisas, nas próprias regalias dos politicos (algumas das quais não concordo) demonstrando que o apertar do cinto é uma exigência e é para todos e teima em definir de forma clara quais são os cargos de confiança politica.
Mas, regressando ainda ás comparações sem termo.
O Governo de Santana não teve que nomear os Governadores Civis nem os seus Gabinetes.
O Governo de Ssntana não necessitou mudar os lugares de confiança politica, como as direcçóes gerais e regionais de diversos organismos públicos.
Jornalismo sério, seria comparar os dados e vberificar quais das nomeações são unanimemente de confiança politica e aquelas cujo transparência nessa matéria deixa a desejar.
2 comentários:
Li a sua crónica no Diário de Trás-os-Montes e resolvi visitar o seu blog onde aproveito para o felicitar.
Parabéns e continue que está no bom caminho.
Alguém disse que a democracia não tinha custos? Quando forem exagerados, o povo começa a pensar em regressar à ditadura. Sr.s democratas, tenham cuidadinho a mamar...
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