Portugal vive hoje um momento de euforia futebolistica e simultaneamente um momento de "mal estar" politico.
Poderia falar de instabilidade politica, mas não quero antecipar este estado (nem tão pouco o desejo), nem mesmo precipitar sobre a politica a instabilidade social em que há muito vivemos.
Contudo, não poderemos ficar indiferentes perante as noticias que desde sexta-feira tem dominado a actualidade politica Nacional...Durão Barroso (provável) futuro Presidente da Comissão Europeia!
Esta não é porventura uma situação nova, 1999 repete-se com novos protagonistas e atitudes diferentes.
Em 1999 António Guterres teve a mesma oportunidade, de ouro acrescento eu, no entanto o compromisso com os portugueses falou mais alto e recusou. Colocando o interesse dos portugueses e os compromissos públicos acima de qualquer interesse pessoal.
Não querendo eu fugir a qualquer questão, mesmo desviando-me do essencial, enfrento com naturalidade a saida de Guterres no pós-autárquicas 2001.
Em primeiro lugar, o eng.Guterres percebeu que os resultados eleitorais e a derrota do PS tinham um rosto, o Governo e ele próprio. Entendendo ele, que os compromissos se devem pautar por atitudes de mútua confiança e como ele próprio não detinha a confiança dos portugueses, decidiu efectivamente pedir a sua imediata demissão ao Presidente da República. Em segundo lugar, saliento ainda o facto que, quanto a mim, dá ainda mais força a esta interpretação, Guterres saiu do Governo para lugar nenhum!!
Mas, permitam-me ainda uma última nota relativa á atitude de António Guterres. Nessa mesma noite, em que anuncia ao pais a sua demissão, pede ao Presidente da República que convoque eleições legislativas antecipadas, devolvendo aos portugueses o direito legitimo e democrático de escolher quem nos governa.
Ora,analisemos agora o que hoje se passa com o Dr.Durão Barroso.
No plano europeu Durão Barraoso é apontado como o mais provável futuro Presidente da Comissão Europeia. Inicialmente Durão nega ser candidato, e fá-lo publicamente(embora não fechando a porta),num segundo momento e já com esta hipótese mais sustentada, Durão remete-se ao silêncio. Aliás, desde sexta-feira que mantém silêncio absoluto!
No plano estritamente nacional, parece claro, assumir-se que Durão se vai mesmo embora, e é nesta base que assento obviamente a minha análise.
Importa salientar que, há exactamente 15 dias atrás esta coligação sofreu uma histórica derrota eleitoral e que estes dois anos de Governo se têm pautado por uma enorme instabilidade social.
Ora, mediante este cenário, nada fácil para o País nem para o Governo e o seu Primeiro Ministro em particular, Durão Barroso decide dar asas ás suas ambições meramente pessoais, acelerando no País este sentido "mal estar", agravado por aquela que parece ser sua intenção enquanto lider do PSD (e só nesse sentido se pode interpretar tal atitude), indicar ao Presidente da Republica, Santana Lopes para Primeiro Ministro.
Mediante todo este desenrolar, só me ocorre uma forma de classificar a partida para a Comissão Europeia do ainda Primeiro Ministro: "A REAL FUGA DE DURÃO!" .
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