Era uma vez o menino
Mário, o menino
Jerónimo, o menino
Francisco e o menino
Manuel.Um dia estes meninos decidiram brincar aos chefes, mas cada um deles queria ser o chefe principal, aquele que mandava nos outros chefinhos todos, e então começaram a ficar todos muito irritados, porque nenhum deles deixava o outro ser o chefe.
Então tiveram uma ideia, cada um deles iria dizer porque deveria ser chefe:
O menino
Francisco começou a dizer que ele é que deveria ser o chefe, porque só ele iria deixar os outros serem felizes: "Vocês vão puder ler muito e conversar. Vou deixar-vos dizer tudo o que pensam e até podem fazer o que vos der na real gana, desde que não prejudiquem os outros.".
O menino
Jerónimo disse: "Eu deveria ser chefe, porque comigo não há chefes!"
Os outros ficaram admirados: "Não há chefe? Então porque queres ser chefe?"
O
Jerónimo respondeu: "Eu seria chefe para garantir que ninguém era mais chefe do que o outro! Comigo sentavamo-nos todos em volta da fogueira e cantavamos e decidiamos em conjunto o que fazer! Comigo é assim: todos unidos!!!"
O menino
Manuel não ficou convencido e disse:
"Regress
oE contudo perdendo-te encontraste.
E nem deuses nem monstros nem tiranos
te puderam deter. A mim os oceanos.
E foste. E aproximaste.
Antes de ti o mar era mistério.
Tu mostraste que o mar era só mar.
Maior do que qualquer império
foi a
aventura de partir e de chegar.
Mas já no mar quem fomos é estrangeiro
e já em Portugal estrangeiros somos.
Se em cada um de nós há ainda um marinheiro
vamos achar em Portugal quem nunca fomos.
De Calicute até Lisboa sobre o sal
e o Tempo. Porque é tempo de voltar
e de voltando achar em Portugal
esse país que se perdeu de mar em mar."
Então o menino
Mário disse: "Ó "
Manel" eu já ando cá há muito tempo não tenho tempo para isso. Sou o mais velho e por isso já tou habituado a orientar as nossas brincadeiras, por isso eu é que devo ser o chefe. Além disso, e por causa disso, sou o que tem mais conhecimentos e sei fazer as coisas!"
Depois de cada um ter dito porque deveria ser chefe, não chegaram a conclusão nenhuma, e começaram a barafustar cada um para seu lado, em monossílabos, gestos e acenos de contradição. De vez em quando um exaltava-se e outro respondia. Amuados seguiram juntos, (mas distantes o suficiente para não se tocarem) para casa.
Pelo caminho ouviram uma voz, calma e segura,
-"Quem és tu voz?" - perguntou o menino
MárioE todos tiveram medo quando ela lhes disse:
-"Nem vos vou dar
Cavaco!"