5.4.05

DIREITA versus ESQUERDA

Para além de engraçado, o artigo de Rui Ramos no Portugal Diário tem obviamente uma leitura simplista e errada da diferença entre esquerda e direita, bem como o porquê da existência (ou neste caso co-existência) da direita e esquerda em Portugal.

O primeiro parágrafo está bem consequido, e aproveitemos para recordar que a mudança de nome de PPD para PSD esteve numa ambição de Sá Carneiro em inscrever o seu Partido na Internacional Socialista (sem sucesso, contudo), mas como se trata de um Partido de convicções circunstanciais, hoje pertence à familia Popular Europeia (PPE).

"No próximo fim de semana, Portugal vai enriquecer-se com mais um partido de esquerda, ou, para ser mais preciso, de «centro-esquerda». É o que prometem os concorrentes à gerência do PSD. Só ainda não nos disseram se renovarão o pedido de adesão à Internacional Socialista. Deveremos levar isto a sério? O actual PSD faz lembrar o cachimbo de Magritte. Sentado à direita no parlamento, com um letreiro a dizer: «isto não é a direita». Qual a razão deste acto de surrealismo político? "

Do restante artigo saliento ainda:

"E o óbvio é que a direita em Portugal existe. E existe porque a esquerda existe. À direita estão todos aqueles que historicamente resistiram às agressões da esquerda contra a liberdade religiosa e o direito de propriedade."

Esta frase é perfeitamente disparatada, afinal temos desde a Constituição de 1976 , liberdade religiosa e direito à propriedade.
Qualquer crente religioso (independentemente do seu credo) não é hoje implicito militante de Direita, como o não crente (ateu, laico, etc.) não significa ser militante de esquerda.
Mas há com toda a certeza uma evolução à esquerda, assim como os motivos da sua existência. Se antigamente à esquerda se lhe exigia a defesa intransigente da maioria, hoje (em democracia) exige-se à esquerda a defesa das minorias, pelo simples facto de que o sistema democrático é por si mesmo um garante das maiorias. A esquerda evoluiu económicamente falando, sem esquecer as preocupações sociais, a direita tornou-se populista (mais) nos últimos anos e para além do conservadorismo social que a caracteriza evolui no campo dos interesses económicos que hoje inviabilizam tantas vezes uma outra Globalização, mais justa mais solidária... afinal aquilo que o Hino A INTERNACIONAL tão bem exprime:
"Bem unidos façamos
Nesta luta final
Uma terra sem amos
A Internacional

Provando afinal que a união dos povos é uma ambição antiga das esquerdas, mas que o neo-liberalismo monetário, com a preciosa ajuda das novas tecnologias, impôs para o campo económico e com enormes atropelos a todas as questões sociais.
Importa também por isso definir a esquerda como aquela que luta por uma outra Globalização...Afinal a INTERNACIONAL

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